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domingo, 31 de maio de 2009

O lamentar de uma Princesinha (Conto de minha autoria)

Saudações, amigos da escuridão!

Irei postar mais um conto de minha autoria, intitulado "O lamentar de uma Princesinha".
Espero que gostem!

Aproveito para agradecer todos os elogios feitos sobre o meu conto "Sedução". Valeu a força! Isso aumenta o meu ânimo para criar cada vez mais. Obrigado mesmo!

Mais uma vez, peço a gentileza de não utilizarem o conto em uoutros sites, blogs ou mídias quaisquer sem minha autorização. Obrigado.

Gostou do conto? Comente ao final da postagem.

A ferida aberta e o sangue escorrendo. Não há mais como fugir, prepare-se para morte em minhas presas.



Autoria: Kampos

Nuvens carregadas banhavam o céu, vigiando as longas torres de um castelo em ruínas.

No ponto mais alto da magnífica arquitetura, uma simples janela, liberando a pouca claridade que existia, em um início de noite sombrio, de adentrar o cômodo onde havia uma linda Princesa de longos cabelos cacheados e de pele clara, corpo puro, porém, de alma corrompida. Um lamento, lágrimas que escorriam e manchavam o belo vestido branco rendado. Tristeza que consumia. Solidão entre pedras rústicas e frias.

Em seus pensamentos, a culpa, tornando sua consciência pesada, pressionando seu peito, dificultando o simples respirar. Ações sem volta.

Em seu pleno desespero, mesmo possuindo um corpo esbelto e frágil, abrira a porta de madeira grossa. Deixara seus sapatos de salto no aposento, seguindo descalça. Passos desconexos por degraus irregulares. Lances de escadas superados com agilidade. Sala central, ambiente vazio. Silêncio corrompido apenas pelo som de seus passos.

Não demorou a alcançar o exterior, ainda correndo, passando pelo vilarejo, sem movimento qualquer de pessoas, deserto, logo infiltrando-se em uma floresta que um dia fora colorida, viva, e hoje, apenas o cinza tomava conta de toda sua tonalidade. Galhos secos e mortos. Troncos que gritavam, suplicavam, expressões de sofrimento. Animais não existiam, os que não foram trucidados, fugiram para o mais longe possível.

Vestido que se arrastava ao chão, manchando de lama, rasgando aos poucos. E as lágrimas, ainda escorriam.

Em seu semblante belo, a dor que lhe afligia. Não era física, e sim moral. Queria esquecer, mas não podia. Queria consertar os erros, mas não era mais possível. Queria o perdão, mas ninguém jamais a perdoaria.

Ia ao encontro de quem não devia. Buscaria a redenção. Olhos arregalados, buscando enxergar cada passo. A floresta parecia infinita, mas em algum momento conseguiria chegar ao seu destino, assim acreditava, e estava certa.

À frente, um vulto negro, alto, que se misturava já com a noite que preenchia. O uivo do vento alertava quanto ao perigo, mas ela já não se importava mais. A silhueta sinistra logo a encarava com um par de olhos de fogo e um sorriso triunfante e macabro.

A pequena Princesa, com sua aparência já prejudicada pela jornada, se aproximou, e sem temer, atirou-se ao chão de joelhos.

A criatura de pele pálida e cabelos curtos, com sua roupa negra que ganhava vida ao vento, a encarava, sem dizer uma palavra, esperando que aquela que o procurou, pronunciasse sua vontade.

O choro misturava-se ao soluço, tornando mais difícil seu desabafo. Ergueu o olhar abatido e praticamente implorou:

- Criatura da Escuridão que trouxe a desgraça e a morte para meu reino. Poupe-me do sofrimento da solidão, e mande-me para o Vale da Morte junto aos meus.

A Criatura se aproximou ainda mais, e agachou frente à bela Princesa. Face monstruosa contrastando ao semblante de um anjo. Dentes pontiagudos que roçavam inquietantes pelo lábio inferior. Em um tom moderado, mas mesmo assim arrepiante, respondera:

- Sou uma Criatura da Escuridão sim, um vampiro, trago a morte para muitos. Apenas cumpro os acordos que assumo, e não volto atrás. Não terá o que me pede.

- Eu suplico pela sua misericórdia, Sugador de vidas. Leve-me deste mundo. Alimente-se de minha carne e libere minha alma deste tormento agonizante. – Implorou a jovem Princesa.

- Não. – O vampiro mantinha sua decisão.

- Mas não foi esse o acordo! Você matou a todos! – Exaltou-se a Princesa.

- Sou maligno, desgraçado, um ser de alma condenada, mas sou leal aos meus, diferente de você. Queria ser a Rainha, e eu te dei o reino. Esse era o acordo.

- Mas não foi isto que pedi!

- Em seu coração egoísta, apenas guardava o desejo mesquinho por posses. Pois bem, tem um castelo banhado por terras só suas, esteja satisfeita. Nunca mais terá que dividir seu precioso ouro com mais ninguém.

- Isso não é justo! – Gritou a Princesa com toda força de seus pulmões.

O vampiro segurou o rosto da jovem com força, e olhando em seus olhos esverdeados, disse:

- Justo? Pediu-me para matar sua família, e eu matei. Sem eles, você se tornou a Rainha Soberana. Cumpri com minha parte do acordo. – O vampiro soltou o rosto da garota, que sem forças ou ânimo, deixou a cabeça descer até perto dos joelhos, em pranto.

De pé, a criatura começara a caminhar, afastando-se alguns passos já da Princesa.

- Por que me quer ver sofrer?! Diga-me!

O vampiro parou, e depois de alguns segundos, virou para a jovem e com olhar de satisfação, revelou:

- Considere seu sofrimento como pagamento pelos meus serviços. – Gargalhando, o vampiro prosseguiu pela floresta, e entre as sombras e árvores medonhas, desapareceu, como se nunca tivesse estado naquele local.

Para Princesa, jogada entre a lama, sobrara a riqueza unida com a solidão. O egoísmo a tornara um monstro pior que o vampiro e a covardia a impedia de tirar sua própria vida.

Seu inferno seria seu próprio castelo.

Fim


6 comentários:

  1. Gente!!! De onde sai tanta "malevolisse" hehehe Kampos, nem parece aquele Kampos lá do Vida de Leiturista... ótimo que vc não mistura as coisas! Mto bom seu conto, como os outros tbm... abraços e beijos!!!

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  2. Oi!!!!
    Nuss... adoro suas histórias. Você escreve muito bem!
    Queria fazer uma sugestão: em 2007, no aniversário de 20 anos do Playcenter, teve uma apresentação dos vampiros do livro Os Sete e Sétimo, do André Vianco. Será que você poderia fazer um post comentando o assunto?
    Abraços,
    Scarlet.

    PS: Dá uma passada no meu blog:
    http://scarletshistorys.blogspot.com

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  3. Kampos,
    Mais uma surpreendente e gostosa estória.
    Gosto muito do seu jeito de escrever....
    Parabéns!

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  4. Rapaz esse conto foi magnifico ...putz cada linha que eu lia eu conseguia ver a cena foi de mais .parabéns

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  5. Parabéns Kampos!
    Mais um grande conto com uma linguagem poética e de fantasia,porém,com um desfecho que nos proporciona lições preciosas para a vida real...

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  6. Saudações!

    Obrigado pelos elogios! Que bom que apreciaram o conto. Há outros contos vampíricos meus aqui no blog, e aproveitem e conheça o livro de minha autoria "VINGANÇAS DE SANGUE".

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