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segunda-feira, 20 de maio de 2013

"Caos" (Conto de minha autoria)

Saudações, noturnos!!

Eis mais um conto vampírico de minha autoria, intitulado "Caos".

Espero que gostem, trabalhei bastante nele!

Peço por gentileza que não utilize em sites, blogs ou impressos o conto sem minha permissão.

E para quem gosta do meu trabalho, relembro que tenho um livro lançado chamado VINGANÇAS DE SANGUE, com 288 páginas  nasa quais contam o drama de Nathalia, uma garota Headbanger, que não se confirma com a morte não esclarecida de sua irmã Amanda, e por conta própria começa sua busca por resposta, acabando por se deparar com algo assustar... O assassino de sua irmã pode não ser um simples ser humano, mas sim, um VAMPIRO!!

 Interessados em adquirir o livro, entrem em contato comigo pelo e-mail karlo_campos@yahoo.com.br Cada exemplar está R$ 30,00 (Já incluso o valor do frete para qualquer cidade do Brasil!). O mesmo será enviado por correios, protegido em plástico-bolha, com autográfo e dedicatória. Tenho certeza que curtirão a trama.

Quem quiser, me siga no twitter: www.twitter.com/kamposss

A paz é muito silenciosa, prefiro o caos e todo desespero e pavor que ele provoca.


Kampos 


  O som de seus passos firmes contra o asfalto ecoavam rua abaixo. Seus sapatos que de tão bem engraxados e polidos chegavam a brilhar quando os raios de luzes dos postes os atingiam. Estava elegante, mas era sua forma normal de se vestir. Roupa social, sendo uma calça bem alinhada à camisa mais escura, e sobre ela, um blazer claro combinando obviamente com a calça.
  Seu nome era Paolo, italiano, trazia traços faciais que deixavam claro sua origem. Um rosto de formato bem quadrado, um nariz que acompanhava tal proporção exagerada, além de sobrancelhas grossas, bem próximas aos olhos, que o deixavam com um olhar mais sério. De corpo robusto, mantinha-se bem ereto, deixando transparecer uma confiança deveras exacerbada. Ostentava costeletas que desciam pelo menos dois dedos abaixo da linha dos olhos. Apresentava alguns fios brancos pelos cabelos que pelo visto era penteado com uso de gel que os mantinham baixos, sem fios rebeldes e com aparência de molhados. Por mais que sua intenção não fosse encarnar um estereótipo, ele lembrava sim, e muito, a imagem que todos têm em suas mentes dos famigerados mafiosos.
  Pelo seu estilo de vestir qualquer um diria que tal cidadão seria detentor de posses, talvez um empresário, um homem de negócios, porém, ficariam surpresos ao perceber que em seus bolsos não havia cartões de créditos, tão pouco carregava uma soma significativa em dinheiro, mas tinha algo de valor e isto não abria mão. Em seu pulso direito, conforme caminhava, algo brilhava com intensidade nos momentos em que a manga do blazer o descobria. Era um relógio banhado em ouro. Esse era seu maior bem, talvez o único que realmente o importava. Já fora um homem rico, de família nobre, que se importava com bens materiais, mas decidiu deixar os negócios de lado, e gastou sua fortuna viajando, indo para onde queria, conhecendo culturas, costumes e neste momento, encontrava-se ali, descendo uma rua de um bairro qualquer de uma capital brasileira.
  Considerava-se um homem livre, que ia para onde desejava, sem motivo ou razão aparente, porém, no local que caminhava, vestido como estava e com uma joia como aquelas em seu pulso, a chance de atrair olhares de cobiça eram enormes.
  Caminhava sem demonstrar mínima preocupação. Seu andar dava impressão de que tinha um caminho traçado, um objetivo, um ponto final, porém, não tinha rumo. Caminhava, apenas isso, caminhava.
 A rua, pelo horário, deserta. Nem mesmo os moradores daquele local simples arriscavam ficar pelo quintal, ou com portões e janelas abertas, não importava o calor que fazia. Sinal de que o bairro possuía perigos por demais. Barulhos surgiam aqui ou ali, mas Paolo não demonstrava mínima surpresa ou preocupação, muitos menos curiosidade sobre o que os produziam, mas algo logo chamou sua atenção, fazendo com que diminuísse a velocidade de suas passadas, como se o caminhar mais devagar desse tempo de compreender o que via.
  Logo à frente, bem na esquina, uma figura pequena, uma criança, um garoto mais precisamente, em pé, estático, olhando em sua direção, algo que para o horário era inexplicável, ainda mais sozinho, mas o que mais intrigava era que o mesmo vestia uma camiseta branca enorme e está banhada em sangue, inclusive, respingos encontravam-se pelo rosto da criança e braços.
  Paolo se aproximava sabendo que não poderia passar fingindo que nada vira. Era uma imagem intrigante demais para tentar ignorar.
  Conforme aproximava-se mais detalhes percebia. Era um garoto, de cabelos curtos e bem lisos, loiros. Parecia não vestir calças ou shorts, apenas a camiseta de tamanho desproporcional a sua idade. Descalço, magro, de pele clara, aparentando no máximo ter uns dez anos de idade.
  - O que ocorreu, bambino? – Paolo, logo que chegou a frente da criança, questionou sua situação, misturando o português que dominava tão bem com sua língua mãe, enquanto se curvava para ficar mais a sua altura.
  O garoto nada respondeu. Apenas inclinara sua cabeça para baixo, encarando o chão.
  - Bambino? – Tentou mais uma vez - Alguém te bateu? Sofreu algum acidente com sua família? – Tentava extrair informações, mas nada que perguntava gerava alguma reação, até que fizera a próxima pergunta:
  - Seus pais o agrediram?
  O garoto enfim levou o olhar para o homem a sua frente.
  - Foi isso que ocorreu? – Paolo percebera que estava no caminho correto.
  O pequeno não respondeu com palavras e nem movendo a cabeça, concordando ou não, apenas levou vagarosamente a mão esquerda até o braço direito no qual havia um corte e marcas roxas, atestando que fora agredido.
  - Onde estão eles?
  Mais uma vez, nenhuma reação.
 - Pode falar... Não tenha medo.
  O pequeno parecia temer tal pergunta, mas Paolo fazia questão de insistir.
  - Onde eles estão? Confie em mim...
  Ele então olhou fixo novamente para o homem de sotaque diferente, permanecera alguns segundos a encará-lo, como se analisasse se devia ou não confiar. Enfim, ergueu a mão esquerda e pegou no pulso do braço direito de Paolo que logo entendera que a criança o conduziria até sua morada. Ganhara sua confiança.
 O homem se ergueu e foi acompanhando o pequeno que o segurava por uma das mãos.
 Viraram a esquina e seguiram rua abaixo, cada vez mais escura e menos cuidada, inclusive com algumas luzes de postes queimadas, lixos espalhados, demonstrando que aquela era a área feia do município, local que em campanhas da prefeitura com certeza não apareciam.
  Não demorou e o garoto parou frente a uma residência de muros altos, pichados, e portão de ferro branco, bem danificado e com ferrugens, porém todo fechado, apenas com um vão para o trinco, possibilitando que se olhassem no interior o menos possível.
  - É aqui?
  O garotinho olhou para ele e voltou a encarar o portão. Ficaram parados por algum tempo. Apenas ouvia-se o som do portão de ferro que era balançado pela força do vento.
 Seguiram adiante. O garoto abrira o portão, entrando, bem devagar, seguido pelo homem.
  Paolo fechara o portão para o mesmo não bater ainda mais forte e chamar a atenção de todos.
Entre o portão e a porta da casa havia um espaço que parecia um lixão. O mato crescia em abundância, a sujeira era imensa, e o cheiro nada agradável. O quintal era bem escuro, e pelo visto, nenhuma luz no interior da casa também estava acesa, e era de se esperar que, pelas condições que se via o local, ali nem mesmo energia elétrica mais teria, provavelmente cortada há meses por falta de pagamentos.
  Depois de algumas passadas chegaram frente à porta de madeira da residência.
  - Quer me esperar aqui fora? Eu chamo seus pais para fora e vejo o que acontece. – Perguntou Paolo, tentando poupar o garoto que provavelmente temia voltar a casa.
  O pequeno mais uma vez se isentou de palavras e ele próprio dobrou a maçaneta, abrindo a porta, sinal que não pretendia ficar de longe, observando qualquer discussão que poderia ocorrer. Apenas olhou para seu novo amigo e gesticulou com uma das mãos, pedindo para que entrasse junto com ele. Tudo indicava que o garoto enfim achara alguém que lhe transmitia segurança para encarar aqueles que o agrediam.
 A porta conforme foi abrindo, revelava uma casa tão mal cuidada e suja quanto o quintal, e o cheiro, talvez até mesmo pior. O próprio garoto encostou a porta após entrarem. Paolo levou uma das mãos até o nariz, sinalizando que o fedor era forte. Seguiu alguns passos adentrando o recinto e percebeu que o jovem ficara parado pouco depois da entrada, pelo visto, aquele era seu limite. Já fora valente o suficiente naquela noite, e Paolo não insistiria.
  -Olá? – Disse, o italiano, olhando para os lados, a procura de alguém.
  A casa pequena não estava desarrumada apenas por descuido, mas sim, indicava que uma briga grande ocorrera... Móveis de pernas para o ar, objetos quebrados, TV estourada, era tudo que se via por ali.
 - Olá... Há alguém aqui? – Tentara um novo contato, agora aumentando o volume da voz, porém, sem resposta novamente.
  Observando, vendo como o local era minúsculo, provavelmente, pelo que via, apenas uma pequena sala, cozinha, banheiro e talvez um quarto, buscava entender o que ocorrera ali, enfim viu algo intrigante abaixo do sofá virado, que estava com vários rasgos no estofado xadrez. Rapidamente, virou o móvel e então se deparou com um corpo, imóvel, de bruços, provavelmente sem vida. Era um homem adulto sem camisa.
Paolo se agachou do lado do corpo, o virou e constatou que o mesmo estava morto. Onde estava apoiada a cabeça no chão, uma poça de líquido vermelho indicava onde fora ferido. Sua cabeça apresentava um enorme rombo. Paolo virou para o garoto que estava ainda na entrada da sala e indagou:
  - Quem fez isso... Foi você? Este é seu pai?
  O garoto olhou para ele sem abaixar os olhos. Pelo visto, a resposta para ambas as perguntas era um sim. Cansara de apanhar, enfim, conseguira se defender, assim pensou Paolo.
  - E sua mãe? Ela morava aqui também?
  O garotinho abaixou a cabeça, Paolo concluira que não. Era apenas o pequeno e seu carrasco.
  - É... acho que não há nada mais a fazer por aqui. – Assim que levantou, primeiro olhou para as calças, verificando se a sujara de sangue e, de relance, para a cozinha, e algo chamou sua atenção. Assim como a sala, a cozinha estava destruída e conforme caminhava, percebeu o que via entre a bagunça, outro corpo, parecia também de um homem.
  - Se aquele é seu pai... Quem é este? – Intrigado, questionou enquanto aproximava da pessoa caída, aparentemente sem vida também. Apoiou uma das mãos ao chão para se agachar mais uma vez, curioso, surpreso. Parecia um senhor, mais velho, bem vestido, de terno, porém, também banhado em sangue. Antes que pudesse ter mais impressões foi surpreendido por uma mão que o agarrara pelo braço de apoio. Paolo não demonstrou nenhuma reação, nem mesmo de susto. O senhor, que pensara estar morto, virou o rosto em sua direção, deixando claro pelos hematomas, dentes quebrados e barba avermelhada que recebera vários golpes no rosto, e como se fosse seu último suspiro, de olhos arregalados, alertou:
  - Cu-cui-idado!
  Paolo não lembrava a última vez que fora surpreendido de tal forma, e tamanha surpresa o privou de qualquer reação. Assim que terminara de ouvir a palavra daquele que falecera assim que a proferiu, sentira um golpe fortíssimo em sua cabeça, que na mesma hora apagou sua visão, o deixou sem movimentos, a mercê da situação, liberando seu corpo sem forças sobre o recém-morto, juntando-se a ele na poça de sangue que aumentaria ainda mais agora com o líquido viscoso que escapava em abundância de sua cabeça.
  Lá estava mais um corpo estirado, sem movimentos, sem demonstrar sinais de vida. Em pé, um garoto, não mais com olhar de assustado ou frágil. Apenas um olhar vazio, sem sentimentos, observando sua obra, o fim de mais uma vida, em meio ao caos que era aquele lar, assim como sua mente, contemplado a consequência de sua ação.
  Sem muita pressa, foi até o pulso direito do cidadão que fora ajudá-lo e sem esforço retirou o relógio de ouro. Já de pé, caminhando aos poucos, afastava-se, observava seu prêmio, enfim, com mais atenção percebeu algo curioso, os ponteiro estavam parados, o mesmo parecia não funcionar. Parou de caminhar, e indagou:
  - Tá quebrado? – E apesar de não esperar uma resposta, ela veio.
  - É... ele não funciona. – Uma voz em meio a gemidos de incomodo.
 O garoto, surpreso, confuso, virou e viu aquele que acabara de golpear, levantando-se, com dificuldades, mas, apesar do que ocorrera, aparentando estar muito bem.
  - Ai... – Tentou ajeitar um pouco o próprio corpo. – Veja só, não é que ele fala! – O homem permanecia de costas e o garoto, sem piscar o observava, parado, atento.
  Usando as duas mãos, Paolo tateou a cabeça e descobriu com o que fora atingido. Um machado de cabo longo, que ainda estava cravado em sua cabeça. Com força, retirou e então encarou seu pequeno agressor.
  - Um machado, hein?! Colocara muita força nisto, bambino. Foi assim que você matou os outros dois? – Paolo, com as roupas manchadas de sangue jogou o machado para um canto do cômodo. - Incrível, não é?! Talvez seja um sinal... Quem manda querer fazer uma boa ação! Durante décadas eu só trouxe destruição e caos, e a noite que decido ajudar uma inocente alma que cruza meu caminho, acontece isso!! – Sorriu, ironicamente.
  Paolo caminha com calma, não aparentando ódio pelo seu “assassino”. Caminhava pelo cômodo bagunçado, observando, e o garoto, ainda parado.
  - Relógio bonito, não é mesmo? Ele rendera muitos banquetes, afinal, seja o lugar que eu vá, sempre alguém o deseja. Cobiça... Não importa a década, isso nunca sai de moda.
  - Tá quebrado. – O garoto repetiu.
  - Sim, mas isso não importa. Digamos que o tempo pra mim seja insignificante... Afinal, não tenho compromissos. Não preciso saber as horas, apenas preciso saber se é dia ou noite, e o momento de me alimentar, mas isso, meu próprio corpo me avisa.  Apenas aprecio a peça e o desejo que ela desperta nos outros, como você. – Paolo olha para o garoto – Parece confuso, bambino...
  E ele estava realmente. Ainda não entendia o que ocorria ali. Golpeara o homem com todas as forças que um garoto da sua idade poderia ter, somadas ao desequilíbrio mental e a vontade de fazer o mal. Como podia aquele homem ainda estar de pé, tagarelando?!
  - Io sono un Vampiro... Una creatura della notte... delle tenebre... Capisci?
  O garoto permaneceu a olhá-lo, franzindo um pouco a testa, agora, indicando ainda mais dúvida e confusão.
  - É...  Parece que não. – Paolo parecera frustrado, mas não repetiria o que dissera, decidiu prosseguir o assunto. – Devo dizer que há tempos não sou surpreendido. Você tem muita força nesses bracinhos franzinos. Usou o machado com maestria, mas devo também deixar claro que eu vacilei, porque dificilmente você teria a sorte novamente com um golpe desses contra mim. Quando o encontrei, pelo seu cheiro e a quantidade de sangue em suas roupas já era perceptível que nenhum ferimento em você justificasse tamanho banho escarlate.
  O vampiro, agora fazia questão de ostentar suas presas como se tentasse provocar alguma reação de medo e pavor na criança, mas mesmo assim, parecia sem sucesso. Falava e o garoto apenas escutava, atento, parado e isso intrigava Paolo.
  - Não está com medo, assustado, pensando em fugir do monstro?
  O garoto meneou de forma negativa a cabeça.
  - Não?! – Intrigado ainda mais. – É... Você tem fibra ou muitos problemas. Pelo visto, estas mortes não são suas primeiras. Deve fazer isso já há algum tempo, apesar da pouca idade, para roubar e também para saciar o desejo de matar, não estou certo? – Paolo agora se aproximava do jovem. – Algum remorso pelas mortes que cometera?
  O garoto, de forma firme, meneou mais uma vez a cabeça de forma negativa. Seus olhos, tão frios quanto de qualquer assassino em série, deixavam claro que aquele era seu destino. Viera ao mundo para causar o mal e mesmo com a pouca idade, já o fazia muito bem.
  - Fico a pensar o tamanho do estrago que você faria sendo imortal, não temendo a frágil linha da vida, sabendo que poderia matar noite após noite sem nunca se preocupar que o ceifador o levasse para o outro lado. – Paolo falava, agora bem próximo da criança, enquanto a rodeava, como se estudasse a frágil figura de alma enegrecida.
  O garoto permanecia a olhar para frente, e não para o homem, a criatura de dentes alongados parecia intrigado, observava atentamente, cada vez mais interessado no pequeno assassino.
  De costas, o pequeno percebeu quando Paolo aproximou o rosto de sua orelha direita e sussurrou:
 - Deseja a imortalidade, bambino? – Em uma rapidez inexplicável, o vampiro já estava em sua outra orelha:
 - Deseja ser uma criatura poderosa? Ter todos que desejam aos seus pés e assim que enjoar deles, torná-los sua próxima refeição? Diga-me, anseia por tamanha oportunidade?
  O garoto, após alguns segundos, meneou a cabeça de forma positiva.
  Como em um passe de mágica, o vampiro estava a sua frente, o encarando seus olhos, curvado.
 - Deseja as trevas?
  O garoto, de forma mais firme balançou a cabeça positivamente.
  - Vamos! Diga! Abra essa maldita boca e responda! – Ordenou a criatura.
  - Sim. – Disse o garoto, agora utilizando palavra e sempre o encarando.
  - “Sim”?... Diga com mais vontade... Diga como se sua resposta fosse capaz de estraçalhar o pescoço de uma vítima.
  - SIM – Respondeu mais firme, mas para o vampiro, ainda não era o suficiente. O caos que via ao redor provocado por uma criaturinha de sangue quente de corpo tão frágil deixava claro que poderia ser mais enfático, mostrar seu verdadeiro desejo por destruição. Queria vê-lo expressar isso.
  - RESPONDA COM VONTADE!! DIGA SIM PARA UMA NOVA EXISTÊNCIA!! DIGA SIM PARA O CAOS!! – Esbravejou, Paolo.
  - SIM!! SIMMM!! EU QUERO O CAOS!! – E enfim, o vampiro fizera o garoto demonstrar alguma emoção diferente da frieza que até então mantinha em suas ações, em seu interior, seu olhar mudou, algo preenchera o vazio.
  A criatura se calou, mas era perceptível um leve sorriso em sua boca, alcançara seu objetivo, e após alguns segundos contemplando a cena, levou lentamente uma das mãos para debaixo do rosto do garoto e com a outra apoiou em sua cintura puxando-o para mais perto e olhando dentro dos olhos daquela pequena criança, relatou:
  - A maldade que você possui vi em poucos... Seu potencial para a escuridão é infinito... – O vampiro analisava o garoto como uma espécie em extinção. Virava levemente sua cabeça, olhava o pescoço e a todo o momento cruzava seu olhar com o dele, observando o que mudara.
  Só que, assim como demonstrou repentino interesse, o mesmo logo passou.
  - Porém, não estou disposto a bancar a babá de ninguém... Você é muito jovem. – E com extremo deboche e desdenho, nem bem terminou a frase ou permitiu qualquer nova reação do garoto, o segurou firme pela cintura e com a outra mão, ergueu a cabeça da criança com força até arrancá-la trazendo consigo um pedaço da coluna, soltando o pequeno corpo que desfaleceu ao chão, sangrando em abundância.
  De pé, Paolo aproveitou para entornar em sua boca o sangue que esvaia pela cabeça arrancada, lambeu o pedaço da coluna que estava banhada do líquido vermelho e logo soltou os restos do garoto junto ao corpo. Lambeu os próprios dedos. Em seguida, pegou o relógio dourado que a criança deixara cair ao chão, colocou no pulso novamente e seguiu tranquilamente em direção à porta. Pela primeira vez saia de um ambiente no qual a maioria das mortes não fora ocasionada por ele e, enquanto caminhava, algo o incomodava mentalmente, e se indagava:
  - Como será que ele se chamava?... Esqueci de perguntar... – Tal indagação fútil diante do ocorrido demonstrava o tamanho desprezo pela vida alheia que sentia. Como um gato que brinca com sua pressa, o vampiro debochara do pequeno garoto. Apresentara a ele um mundo de possibilidades, conseguira extrair alguma emoção e ao ver o olhar vazio da criança se preencher por uma sinistra esperança de algo novo, chegara ao ponto que tanto queria, tornara seu agressor uma vítima que tinha algo a perder, não mais um simples amontoado de carne de alma fria.
  O vampiro, sem maiores preocupações, satisfeito, partiu como chegara... Seguindo por ruas desertas e mal iluminadas... Sem rumo mais uma vez... Sem pressa como antes... Afinal, não tinha compromissos, pelo menos não até a sede surgir novamente.

Fim

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