Saudações, noturnos!!
Eis mais um conto vampírico de minha autoria, intitulado "Caos".
Espero que gostem, trabalhei bastante nele!
Peço por gentileza que não utilize em sites, blogs ou impressos o conto sem minha permissão.
E para quem gosta do meu trabalho, relembro que tenho um livro lançado chamado VINGANÇAS DE SANGUE, com 288 páginas nasa quais contam o drama de Nathalia, uma garota Headbanger, que não se confirma com a morte não esclarecida de sua irmã Amanda, e por conta própria começa sua busca por resposta, acabando por se deparar com algo assustar... O assassino de sua irmã pode não ser um simples ser humano, mas sim, um VAMPIRO!!
Interessados em adquirir o livro, entrem em contato comigo pelo e-mail karlo_campos@yahoo.com.br Cada exemplar está R$ 30,00 (Já incluso o valor do frete para qualquer cidade do Brasil!). O mesmo será enviado por correios, protegido em plástico-bolha, com autográfo e dedicatória. Tenho certeza que curtirão a trama.
Quem quiser, me siga no twitter: www.twitter.com/kamposss
A paz é muito silenciosa, prefiro o caos e todo desespero e pavor que ele provoca.
Kampos
O som de seus passos firmes contra o asfalto ecoavam rua abaixo. Seus
sapatos que de tão bem engraxados e polidos chegavam a brilhar quando os raios
de luzes dos postes os atingiam. Estava elegante, mas era sua forma normal de se
vestir. Roupa social, sendo uma calça bem alinhada à camisa mais escura, e
sobre ela, um blazer claro combinando obviamente com a calça.
Seu nome era Paolo, italiano, trazia traços faciais que deixavam claro
sua origem. Um rosto de formato bem quadrado, um nariz que acompanhava tal
proporção exagerada, além de sobrancelhas grossas, bem próximas aos olhos, que
o deixavam com um olhar mais sério. De corpo robusto, mantinha-se bem ereto,
deixando transparecer uma confiança deveras exacerbada. Ostentava costeletas
que desciam pelo menos dois dedos abaixo da linha dos olhos. Apresentava alguns
fios brancos pelos cabelos que pelo visto era penteado com uso de gel que os
mantinham baixos, sem fios rebeldes e com aparência de molhados. Por mais que
sua intenção não fosse encarnar um estereótipo, ele lembrava sim, e muito, a
imagem que todos têm em suas mentes dos famigerados mafiosos.
Pelo seu estilo de vestir qualquer um diria que tal cidadão seria
detentor de posses, talvez um empresário, um homem de negócios, porém, ficariam
surpresos ao perceber que em seus bolsos não havia cartões de créditos, tão
pouco carregava uma soma significativa em dinheiro, mas tinha algo de valor e
isto não abria mão. Em seu pulso direito, conforme caminhava, algo brilhava com
intensidade nos momentos em que a manga do blazer o descobria. Era um relógio
banhado em ouro. Esse era seu maior bem, talvez o único que realmente o
importava. Já fora um homem rico, de família nobre, que se importava com bens materiais,
mas decidiu deixar os negócios de lado, e gastou sua fortuna viajando, indo
para onde queria, conhecendo culturas, costumes e neste momento, encontrava-se
ali, descendo uma rua de um bairro qualquer de uma capital brasileira.
Considerava-se um homem livre, que ia para onde desejava, sem motivo ou
razão aparente, porém, no local que caminhava, vestido como estava e com uma
joia como aquelas em seu pulso, a chance de atrair olhares de cobiça eram
enormes.
Caminhava sem demonstrar mínima preocupação. Seu andar dava impressão de
que tinha um caminho traçado, um objetivo, um ponto final, porém, não tinha
rumo. Caminhava, apenas isso, caminhava.
A rua, pelo horário, deserta. Nem mesmo os
moradores daquele local simples arriscavam ficar pelo quintal, ou com portões e
janelas abertas, não importava o calor que fazia. Sinal de que o bairro possuía
perigos por demais. Barulhos surgiam aqui ou ali, mas Paolo não demonstrava
mínima surpresa ou preocupação, muitos menos curiosidade sobre o que os
produziam, mas algo logo chamou sua atenção, fazendo com que diminuísse a
velocidade de suas passadas, como se o caminhar mais devagar desse tempo de
compreender o que via.
Logo à frente, bem na esquina, uma figura pequena, uma criança, um
garoto mais precisamente, em pé, estático, olhando em sua direção, algo que
para o horário era inexplicável, ainda mais sozinho, mas o que mais intrigava
era que o mesmo vestia uma camiseta branca enorme e está banhada em sangue,
inclusive, respingos encontravam-se pelo rosto da criança e braços.
Paolo se aproximava sabendo que não poderia passar fingindo que nada
vira. Era uma imagem intrigante demais para tentar ignorar.
Conforme aproximava-se mais detalhes percebia. Era um garoto, de cabelos
curtos e bem lisos, loiros. Parecia não vestir calças ou shorts, apenas a camiseta
de tamanho desproporcional a sua idade. Descalço, magro, de pele clara, aparentando
no máximo ter uns dez anos de idade.
- O que ocorreu, bambino? –
Paolo, logo que chegou a frente da criança, questionou sua situação, misturando
o português que dominava tão bem com sua língua mãe, enquanto se curvava para
ficar mais a sua altura.
O garoto nada respondeu. Apenas inclinara sua cabeça para baixo,
encarando o chão.
- Bambino? – Tentou mais uma
vez - Alguém te bateu? Sofreu algum acidente com sua família? – Tentava extrair
informações, mas nada que perguntava gerava alguma reação, até que fizera a
próxima pergunta:
- Seus pais o agrediram?
O garoto enfim levou o olhar para o homem a sua frente.
- Foi isso que ocorreu? – Paolo percebera que estava no caminho correto.
O pequeno não respondeu com palavras e nem movendo a cabeça, concordando
ou não, apenas levou vagarosamente a mão esquerda até o braço direito no qual
havia um corte e marcas roxas, atestando que fora agredido.
- Onde estão eles?
Mais uma vez, nenhuma reação.
- Pode falar... Não tenha medo.
O pequeno parecia temer tal pergunta, mas Paolo fazia questão de
insistir.
- Onde eles estão? Confie em mim...
Ele então olhou fixo novamente para o homem de sotaque diferente, permanecera
alguns segundos a encará-lo, como se analisasse se devia ou não confiar. Enfim,
ergueu a mão esquerda e pegou no pulso do braço direito de Paolo que logo
entendera que a criança o conduziria até sua morada. Ganhara sua confiança.
O homem se ergueu e foi acompanhando o pequeno
que o segurava por uma das mãos.
Viraram a esquina e seguiram rua abaixo, cada
vez mais escura e menos cuidada, inclusive com algumas luzes de postes
queimadas, lixos espalhados, demonstrando que aquela era a área feia do município,
local que em campanhas da prefeitura com certeza não apareciam.
Não demorou e o garoto parou frente a uma residência de muros altos,
pichados, e portão de ferro branco, bem danificado e com ferrugens, porém todo
fechado, apenas com um vão para o trinco, possibilitando que se olhassem no
interior o menos possível.
- É aqui?
O garotinho olhou para ele e voltou a encarar o portão. Ficaram parados
por algum tempo. Apenas ouvia-se o som do portão de ferro que era balançado
pela força do vento.
Seguiram adiante. O garoto abrira o portão,
entrando, bem devagar, seguido pelo homem.
Paolo fechara o portão para o mesmo não bater ainda mais forte e chamar
a atenção de todos.
Entre o portão e a porta da casa
havia um espaço que parecia um lixão. O mato crescia em abundância, a sujeira
era imensa, e o cheiro nada agradável. O quintal era bem escuro, e pelo visto,
nenhuma luz no interior da casa também estava acesa, e era de se esperar que,
pelas condições que se via o local, ali nem mesmo energia elétrica mais teria,
provavelmente cortada há meses por falta de pagamentos.
Depois de algumas passadas chegaram frente à porta de madeira da
residência.
- Quer me esperar aqui fora? Eu chamo seus pais para fora e vejo o que
acontece. – Perguntou Paolo, tentando poupar o garoto que provavelmente temia
voltar a casa.
O pequeno mais uma vez se isentou de palavras e ele próprio dobrou a
maçaneta, abrindo a porta, sinal que não pretendia ficar de longe, observando
qualquer discussão que poderia ocorrer. Apenas olhou para seu novo amigo e
gesticulou com uma das mãos, pedindo para que entrasse junto com ele. Tudo
indicava que o garoto enfim achara alguém que lhe transmitia segurança para
encarar aqueles que o agrediam.
A porta conforme foi abrindo, revelava uma casa
tão mal cuidada e suja quanto o quintal, e o cheiro, talvez até mesmo pior. O
próprio garoto encostou a porta após entrarem. Paolo levou uma das mãos até o
nariz, sinalizando que o fedor era forte. Seguiu alguns passos adentrando o
recinto e percebeu que o jovem ficara parado pouco depois da entrada, pelo
visto, aquele era seu limite. Já fora valente o suficiente naquela noite, e
Paolo não insistiria.
-Olá? – Disse, o italiano, olhando para os lados, a procura de alguém.
A casa pequena não estava desarrumada apenas por descuido, mas sim,
indicava que uma briga grande ocorrera... Móveis de pernas para o ar, objetos
quebrados, TV estourada, era tudo que se via por ali.
- Olá... Há alguém aqui? – Tentara um novo
contato, agora aumentando o volume da voz, porém, sem resposta novamente.
Observando, vendo como o local era minúsculo, provavelmente, pelo que
via, apenas uma pequena sala, cozinha, banheiro e talvez um quarto, buscava
entender o que ocorrera ali, enfim viu algo intrigante abaixo do sofá virado,
que estava com vários rasgos no estofado xadrez. Rapidamente, virou o móvel e
então se deparou com um corpo, imóvel, de bruços, provavelmente sem vida. Era
um homem adulto sem camisa.
Paolo se agachou do lado do
corpo, o virou e constatou que o mesmo estava morto. Onde estava apoiada a
cabeça no chão, uma poça de líquido vermelho indicava onde fora ferido. Sua
cabeça apresentava um enorme rombo. Paolo virou para o garoto que estava ainda
na entrada da sala e indagou:
- Quem fez isso... Foi você? Este é seu pai?
O garoto olhou para ele sem abaixar os olhos. Pelo visto, a resposta
para ambas as perguntas era um sim. Cansara de apanhar, enfim, conseguira se
defender, assim pensou Paolo.
- E sua mãe? Ela morava aqui também?
O garotinho abaixou a cabeça, Paolo concluira que não. Era apenas o
pequeno e seu carrasco.
- É... acho que não há nada mais a fazer por aqui. – Assim que levantou,
primeiro olhou para as calças, verificando se a sujara de sangue e, de relance,
para a cozinha, e algo chamou sua atenção. Assim como a sala, a cozinha estava
destruída e conforme caminhava, percebeu o que via entre a bagunça, outro
corpo, parecia também de um homem.
- Se aquele é seu pai... Quem é este? – Intrigado, questionou enquanto
aproximava da pessoa caída, aparentemente sem vida também. Apoiou uma das mãos
ao chão para se agachar mais uma vez, curioso, surpreso. Parecia um senhor,
mais velho, bem vestido, de terno, porém, também banhado em sangue. Antes que
pudesse ter mais impressões foi surpreendido por uma mão que o agarrara pelo
braço de apoio. Paolo não demonstrou nenhuma reação, nem mesmo de susto. O
senhor, que pensara estar morto, virou o rosto em sua direção, deixando claro
pelos hematomas, dentes quebrados e barba avermelhada que recebera vários
golpes no rosto, e como se fosse seu último suspiro, de olhos arregalados,
alertou:
- Cu-cui-idado!
Paolo não lembrava a última vez que fora surpreendido de tal forma, e tamanha
surpresa o privou de qualquer reação. Assim que terminara de ouvir a palavra daquele
que falecera assim que a proferiu, sentira um golpe fortíssimo em sua cabeça, que
na mesma hora apagou sua visão, o deixou sem movimentos, a mercê da situação, liberando
seu corpo sem forças sobre o recém-morto, juntando-se a ele na poça de sangue
que aumentaria ainda mais agora com o líquido viscoso que escapava em
abundância de sua cabeça.
Lá estava mais um corpo estirado, sem movimentos, sem demonstrar sinais
de vida. Em pé, um garoto, não mais com olhar de assustado ou frágil. Apenas um
olhar vazio, sem sentimentos, observando sua obra, o fim de mais uma vida, em
meio ao caos que era aquele lar, assim como sua mente, contemplado a consequência
de sua ação.
Sem muita pressa, foi até o pulso direito do cidadão que fora ajudá-lo e
sem esforço retirou o relógio de ouro. Já de pé, caminhando aos poucos, afastava-se,
observava seu prêmio, enfim, com mais atenção percebeu algo curioso, os
ponteiro estavam parados, o mesmo parecia não funcionar. Parou de caminhar, e
indagou:
- Tá quebrado? – E apesar de não esperar uma resposta, ela veio.
- É... ele não funciona. – Uma voz em meio a gemidos de incomodo.
O garoto, surpreso, confuso, virou e viu
aquele que acabara de golpear, levantando-se, com dificuldades, mas, apesar do
que ocorrera, aparentando estar muito bem.
- Ai... – Tentou ajeitar um pouco o próprio corpo. – Veja só, não é que
ele fala! – O homem permanecia de costas e o garoto, sem piscar o observava,
parado, atento.
Usando
as duas mãos, Paolo tateou a cabeça e descobriu com o que fora atingido. Um
machado de cabo longo, que ainda estava cravado em sua cabeça. Com força,
retirou e então encarou seu pequeno agressor.
- Um machado, hein?! Colocara muita força nisto, bambino. Foi assim que você matou os outros dois? – Paolo, com as
roupas manchadas de sangue jogou o machado para um canto do cômodo. - Incrível,
não é?! Talvez seja um sinal... Quem manda querer fazer uma boa ação! Durante
décadas eu só trouxe destruição e caos, e a noite que decido ajudar uma
inocente alma que cruza meu caminho, acontece isso!! – Sorriu, ironicamente.
Paolo caminha com calma, não aparentando ódio pelo seu “assassino”.
Caminhava pelo cômodo bagunçado, observando, e o garoto, ainda parado.
- Relógio bonito, não é mesmo? Ele rendera muitos banquetes, afinal, seja
o lugar que eu vá, sempre alguém o deseja. Cobiça... Não importa a década, isso
nunca sai de moda.
- Tá quebrado. – O garoto repetiu.
- Sim, mas isso não importa. Digamos que o tempo pra mim seja
insignificante... Afinal, não tenho compromissos. Não preciso saber as horas,
apenas preciso saber se é dia ou noite, e o momento de me alimentar, mas isso, meu
próprio corpo me avisa. Apenas aprecio a
peça e o desejo que ela desperta nos outros, como você. – Paolo olha para o
garoto – Parece confuso, bambino...
E ele estava realmente. Ainda não entendia o que ocorria ali. Golpeara o
homem com todas as forças que um garoto da sua idade poderia ter, somadas ao
desequilíbrio mental e a vontade de fazer o mal. Como podia aquele homem ainda
estar de pé, tagarelando?!
- Io sono un Vampiro... Una
creatura della notte... delle tenebre... Capisci?
O garoto permaneceu a olhá-lo, franzindo um pouco a testa, agora,
indicando ainda mais dúvida e confusão.
- É... Parece que não. – Paolo
parecera frustrado, mas não repetiria o que dissera, decidiu prosseguir o assunto.
– Devo dizer que há tempos não sou surpreendido. Você tem muita força nesses
bracinhos franzinos. Usou o machado com maestria, mas devo também deixar claro
que eu vacilei, porque dificilmente você teria a sorte novamente com um golpe
desses contra mim. Quando o encontrei, pelo seu cheiro e a quantidade de sangue
em suas roupas já era perceptível que nenhum ferimento em você justificasse
tamanho banho escarlate.
O vampiro, agora fazia questão de ostentar suas presas como se tentasse
provocar alguma reação de medo e pavor na criança, mas mesmo assim, parecia sem
sucesso. Falava e o garoto apenas escutava, atento, parado e isso intrigava
Paolo.
- Não está com medo, assustado, pensando em fugir do monstro?
O garoto meneou de forma negativa a cabeça.
- Não?! – Intrigado ainda mais. – É... Você tem fibra ou muitos
problemas. Pelo visto, estas mortes não são suas primeiras. Deve fazer isso já há
algum tempo, apesar da pouca idade, para roubar e também para saciar o desejo
de matar, não estou certo? – Paolo agora se aproximava do jovem. – Algum
remorso pelas mortes que cometera?
O garoto, de forma firme, meneou mais uma vez a cabeça de forma
negativa. Seus olhos, tão frios quanto de qualquer assassino em série, deixavam
claro que aquele era seu destino. Viera ao mundo para causar o mal e mesmo com
a pouca idade, já o fazia muito bem.
- Fico a pensar o tamanho do estrago que você faria sendo imortal, não
temendo a frágil linha da vida, sabendo que poderia matar noite após noite sem
nunca se preocupar que o ceifador o levasse para o outro lado. – Paolo falava,
agora bem próximo da criança, enquanto a rodeava, como se estudasse a frágil
figura de alma enegrecida.
O garoto permanecia a olhar para frente, e não para o homem, a criatura
de dentes alongados parecia intrigado, observava atentamente, cada vez mais interessado
no pequeno assassino.
De costas, o pequeno percebeu quando Paolo aproximou o rosto de sua
orelha direita e sussurrou:
- Deseja a imortalidade, bambino? – Em uma rapidez inexplicável, o vampiro já estava em sua
outra orelha:
- Deseja ser uma criatura poderosa? Ter todos
que desejam aos seus pés e assim que enjoar deles, torná-los sua próxima
refeição? Diga-me, anseia por tamanha oportunidade?
O garoto, após alguns segundos, meneou a cabeça de forma positiva.
Como em um passe de mágica, o vampiro estava a sua frente, o encarando seus
olhos, curvado.
- Deseja as trevas?
O garoto, de forma mais firme balançou a cabeça positivamente.
- Vamos! Diga! Abra essa maldita boca e responda! – Ordenou a criatura.
- Sim. – Disse o garoto, agora utilizando palavra e sempre o encarando.
- “Sim”?... Diga com mais vontade... Diga como se sua resposta fosse
capaz de estraçalhar o pescoço de uma vítima.
- SIM – Respondeu mais firme, mas para o vampiro, ainda não era o
suficiente. O caos que via ao redor provocado por uma criaturinha de sangue
quente de corpo tão frágil deixava claro que poderia ser mais enfático, mostrar
seu verdadeiro desejo por destruição. Queria vê-lo expressar isso.
- RESPONDA COM VONTADE!! DIGA SIM PARA UMA NOVA EXISTÊNCIA!! DIGA SIM
PARA O CAOS!! – Esbravejou, Paolo.
- SIM!! SIMMM!! EU QUERO O CAOS!! – E enfim, o vampiro fizera o garoto
demonstrar alguma emoção diferente da frieza que até então mantinha em suas
ações, em seu interior, seu olhar mudou, algo preenchera o vazio.
A criatura se calou, mas era perceptível um leve sorriso em sua boca, alcançara
seu objetivo, e após alguns segundos contemplando a cena, levou lentamente uma
das mãos para debaixo do rosto do garoto e com a outra apoiou em sua cintura
puxando-o para mais perto e olhando dentro dos olhos daquela pequena criança,
relatou:
- A maldade que você possui vi em poucos... Seu potencial para a escuridão
é infinito... – O vampiro analisava o garoto como uma espécie em extinção.
Virava levemente sua cabeça, olhava o pescoço e a todo o momento cruzava seu
olhar com o dele, observando o que mudara.
Só que, assim como demonstrou repentino interesse, o mesmo logo passou.
- Porém, não estou disposto a bancar a babá de ninguém... Você é muito
jovem. – E com extremo deboche e desdenho, nem bem terminou a frase ou permitiu
qualquer nova reação do garoto, o segurou firme pela cintura e com a outra mão,
ergueu a cabeça da criança com força até arrancá-la trazendo consigo um pedaço
da coluna, soltando o pequeno corpo que desfaleceu ao chão, sangrando em
abundância.
De pé, Paolo aproveitou para entornar em sua boca o sangue que esvaia
pela cabeça arrancada, lambeu o pedaço da coluna que estava banhada do líquido
vermelho e logo soltou os restos do garoto junto ao corpo. Lambeu os próprios
dedos. Em seguida, pegou o relógio dourado que a criança deixara cair ao chão,
colocou no pulso novamente e seguiu tranquilamente em direção à porta. Pela
primeira vez saia de um ambiente no qual a maioria das mortes não fora
ocasionada por ele e, enquanto caminhava, algo o incomodava mentalmente, e se indagava:
- Como será que ele se chamava?... Esqueci de perguntar... – Tal indagação
fútil diante do ocorrido demonstrava o tamanho desprezo pela vida alheia que
sentia. Como um gato que brinca com sua pressa, o vampiro debochara do pequeno
garoto. Apresentara a ele um mundo de possibilidades, conseguira extrair alguma
emoção e ao ver o olhar vazio da criança se preencher por uma sinistra
esperança de algo novo, chegara ao ponto que tanto queria, tornara seu agressor
uma vítima que tinha algo a perder, não mais um simples amontoado de carne de
alma fria.
O vampiro, sem maiores preocupações, satisfeito, partiu como chegara...
Seguindo por ruas desertas e mal iluminadas... Sem rumo mais uma vez... Sem
pressa como antes... Afinal, não tinha compromissos, pelo menos não até a sede
surgir novamente.
Fim
Muito bom. Parabéns!
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